domingo, 10 de abril de 2016

Do fogo surdo

Sim, mas quem nos curara’ do fogo surdo, do fogo sem cor que corre, ao anoitecer,..., saindo dos portais carcomidos, dos pequenos vestíbulos, do fogo sem imagem que lambe as pedras e ataca os vãos das portas, como faremos para nos lavar da sua queimadura doce que persiste, que insiste em durar, aliada ao tempo e a recordação, às substâncias pegajosas que nos retém deste lado, e que nos queimará docemente até nos calcinar?

Júlio Cortazar

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