terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

A cólera de Aquiles


Cante, deusa, da ira, do filho de Peleu, Aquiles,
a amaldiçoada ira, que trouxe dor a milhares dos aqueus.
Ilíada, Homero,canto 1



Mas o que movimenta, agita e destrói esta raiva, uma cólera de origem, que do infinito presente já e’ feita e dita maldita, que ao primeiro movimento divide ao meio a alma e alarma o espirito, sangrados diante do sofrimento e da dor, diante da perda e da mortalidade, na ambígua duvida, determinada de começo, na dura escolha entre a a gloria imortal na batalha e a banal e insatisfatória satisfação na labuta cotidiana?  
E a fala, qual a linguagem que sustenta o dia e depois o outro, consegue e ultrapassa o momento e a parte em cada instante, que faz descrever/ reviver a luta infinita, o embate sem tréguas onde deuses e homens negociaram, em combates e desejos, suas paixões e destinos imortais?
Levantemos nossas taças em saudação, expomos nossos assombros, refletimos contra os olhos, os brilhos, cristais e homenagens, para erguer, de pé, este brinde 
....
Solitude, recife, estrela
A não importa o que há no fim de
um branco afã de nossa vela.

( Mallarme’)