sábado, 23 de junho de 2012

Inseguro.k


Queremos saber da paisagem, saber das matas e seus verdes segmentos se dobrando, em contínuos mantos, ao longo do infinito da montanha, escondendo seus fins contra o anil e as brancas nuvens em colmeias desdobradas.
Ouviremos juntos o ruído dos pássaros, do silvar do vento, de inúmeros farrapos e fragmentos das vozes em dialogo, em seus mais altos e mais ostentosos lugares. 
Mas,
me digam, onde se esconderam os meus passados, onde foram desligados os meus passos e perdidas as minhas marcas, onde abandonados os riscos profundos na madeira? 
Queremos lançar frescas mensagens aos que ainda nao vieram, aos que ainda nao chegaram, aos que ainda, talvez em futuro, em cada canto do mundo, sorverão os frutos doirados do sol. 
Inquietas e instáveis situações.
Permissões.
Os códigos e as leis divulgam o pecado e delimitam em mapas os movimentos e posturas, reduzem os corpos, suas danças recolhidas a contidos gestos repetidos de tanta ilusão.
E o poder. Final.
Quando estica a corda, 
Arrebenta a ordem e a fala.
Kleber Frizzera
abril 2012
maio 2012

sábado, 16 de junho de 2012

Gesta


Quem me indicou a palavra e a gesta, informou o nome e o caminho, 
desfez o no’,
quem nos propôs o pacto, escolheu a testemunha, imprimiu o livro, 
riscou a estrada,
quem foi?
Juntou os cacos partidos da ânfora, ligou as partes, costurou os pedaços desfeitos pelo tempo, pelo vento, pela areia acumulada nas encruzilhadas.
Emendou o fio partido, a linha, o novelo, desatou as cores em arco, sobrepôs na madrugada a luz matutina.
Quem me olhou e me viu,
Olho no olho, 
Perdição.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Amargura



Pois, ainda que a alma de um homem esteja atormentada e que seu coração esteja aflito, quando “ um poeta , servo das musas”, canta os feitos dos antepassados e a santidade dos deuses, esse homem esquecera’ seu abatimento, e as da’divas das deusas os afastarão de suas amarguras.
Eric Voegelin