quarta-feira, 30 de julho de 2014

Uma.



O nosso presente, no tempo e espaço, e’ constituído por uma complexa rede de acontecimentos, que de uma forma ou outra, foram potencializados ou obstruídos por decisões, iniciativas ou impedimentos históricos, realizados ou negados pelos homens, e deixados marcados na construção e em uma paisagem partilhada, em um território artificial comum, atualmente mais urbano que rural. 

Mas diante desta presença material, imposta ao sitio, e do excesso desta memória que nada esquece, que permanece, que tudo guarda, tudo arquiva e tudo acumula, haveria uma medida humana, que limite a preservação a um “ nada demasiado”, a um ponto de negociação e de equilíbrio entre a memória e o esquecimento, um meio termo entre a determinação e o livre arbítrio, que articule a inovação com uma justa lembrança?

E como abrir caminhos, neste justo intervalo, entre a recordação e o olvido, para deixar surgir o extraordinário, o inusitado, para deixar vazar um evento que não e’ unicamente uma surpresa, mas “ o novo do passado em si”, feito das inúmeras possibilidades e projetos anunciados mas frustados, impedidos ou traídos, que restaram como realidades alternativas, do que poderia ter sido ou ter acontecido, fermento da criação e da invenção.

4.10.2015