quinta-feira, 4 de julho de 2019

Então


Então diria, quem sabe, talvez, um dia, ontem, amanhã, 
e se viraria lentamente, deixando no ar um cheiro doce de perfume e suor.

O caminhão roncava se esforçando para subir a ingreme ladeira revestida de paralelepípedos. Aos seus lados, pessoas, embrulhos e largas bolsas, carregavam a casa as poucas compras de armazém e açougue. 
Crianças gritavam. 
Mulheres nas janelas, homens nas portas dos bares. 
Tardinha.

O olhar se desfazia em limites das montanhas, no fluido horizonte das superpostas casas e serras, muitos cinzas superpostos até o azul de inverno, retido no interior do casaco de lã. 

Sem recursos além, sobravam o jogo de bicho, a contagem, os favores de outrem.

Pernas e o corpo doíam, mantidos na desagradável postura, sem ganhos.



Kleber
Julho 2019

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