terça-feira, 22 de dezembro de 2015
lista
Muito perigoso ainda e quando mais tarde, mais frio se instala lá
fora, mais sozinho o percurso e estreito o caminho, mais no fim que no
meio, quando uma pedra e a selva escura não clareavam a lista direção ao
sol.
quinta-feira, 26 de novembro de 2015
viagem
desconheço o afeto e lembrança que deixei, a balburdia que agora espanta os espectros que ocuparam a casa vazia e os moveis traidores, que ao minimo abandono, me trocam por outra caricia, por outro corpo, por outra historia,
e assim lanço a minha casca bem longe, longe seus riscos, longe seus duros contornos, sem a obrigacao de suportar tanta memoria mais, deixado o campo a novos sulcos, sementes e alegres renascimentos, trigos em floracao e feixes de outras paixões.
me contento com a necessaire.
e assim lanço a minha casca bem longe, longe seus riscos, longe seus duros contornos, sem a obrigacao de suportar tanta memoria mais, deixado o campo a novos sulcos, sementes e alegres renascimentos, trigos em floracao e feixes de outras paixões.
me contento com a necessaire.
sábado, 22 de agosto de 2015
Ciume
"quando
meu corpo se apagar, quando a alma prevalecer sobre ele, quando eu me
desprender aos poucos das coisas materiais como naquela noite em que
estive muito doente, então não desejarei mais loucamente o corpo e
amarei tanto mais a alma, não sentirei mais ciúmes. Então amarei de
verdade”.
Marcel Proust
domingo, 9 de agosto de 2015
Dourados camaleões
De parte em parte, estar por
ai’, caminhando,
Suspenso, da vida em listas.
A vida e a dor, em do’, de
mim se afasta,
mas só depois;
mas só depois;
Que,
As folhas, amarelas,
em montes, se esparramam
pelos chãos.
De dourados camelões e (doces)suspiros
refiz um trecho de amor e perda.
E escuto, ponto a ponto, por
vias tortas,
memo'rias vão ficar.
sábado, 13 de junho de 2015
Habitar
Usar- ... que tanto pode querer dizer servir-se de como ter o ha'bito de- significa sempre oscilar entre uma pátria e o exílio: habitar.
Agamben
Agamben
quarta-feira, 20 de maio de 2015
Texto dois
Ser, mundo, evento.
em seus olhos, vejo minha perda escrita
racine
Fazer
do futuro uma recuperação do passado, uma vitória após uma seqüência de
batalhas, “de derrota em derrota ate’ a vitória final”, como disse Mao, e’
possível somente na medida que não apenas vemos, mas também desejemos esta
vitória.
Nesta
disputa, o passado não e’ uma saudade melancólica, um acu'mulo de acontecimentos
vazios e objetos fetiches, mas um receptáculo de projetos desperdiçados, onde
presentes nas suas ruínas e partes desconexas podem estar as esperanças e os
sonhos de uma emancipação radical da humanidade.
Mas
onde estarão as verdadeiras, legitimas peças do patrimônio histórico coletivo,
a serem usadas e transformadas?
Quais
as formas, em suas perenidades, na sua pulsão de morte, na sua incrustação no
solo original, quais as formas a serem mixadas, na carnavalização
revolucionária, em uma imposição de um
novo mundo?
Um
novo mundo que desvele as suas aparências particulares e neste intervalo vazio
permita gerar novos nomes e lugares, ocupar falas que “ trarão `a vida o mundo
desconhecido que esta’ a nossa espera porque esperamos por ele”
“ Mas
e se o futuro ao qual se deve ser fiel for o futuro do
próprio passado, em outras palavras, o potencial emancipatório
que não se realizou por causa do fracasso das tentativas passadas e, por esta razão, continua a nos perseguir?” diz Zizek, e o excesso do
entusiasmo revolucionário e’ portanto, o de um futuro do/ no passado, “um
evento espectral que aguarda sua encarnação apropriada.”
Neste
ponto, Slavov Zizek recorre `a elaboração de Deleuze sobre a repetição como a
forma do surgimento do novo, ou como Alain Badiou, quando desenvolve o conceito
de ressurreição, como uma destinação subjetiva de um evento, uma reativação de
um acontecimento cujos traços foram obliterados ou apagados, onde “ todo
sujeito fiel pode reincorporar `a sua presença evantal um fragmento da verdade,
que foi enterrada por baixo da barra da ocultação” . E’ esta reincorporação que ele chama de
ressurreição.
Recolher,
separar, deixar valer uma memória que não se submeta `as ordens imperiosas do
arquivo e da história oficial, recuperar uma memória ancorada nas falas
abafadas, nas fluidas transmissões orais, dos incessantes fazeres e cantos, uma
memória de muitas festas e paixões, onde os pequenos acontecimentos se
movimentam nos estreitos vazios da dura cidade.
Mas
como escolher?
Haverão
traços que ultrapassem, hoje escondidos, antes soterrados, a essência dos lugares, a origem e começos
desta segunda natureza que nos abriga e nos engana?
Que
nos ama e nos entristece.
maio.2015
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