O nosso presente, no tempo e espaço, e’ constituído por uma
complexa rede de acontecimentos, que de uma forma ou outra, foram
potencializados ou obstruídos por decisões, iniciativas ou impedimentos
históricos, realizados ou negados pelos homens, e deixados marcados na construção
e em uma paisagem partilhada, em um território artificial comum, atualmente mais
urbano que rural.
Mas diante desta presença material, imposta ao sitio, e do excesso desta
memória que nada esquece, que permanece, que tudo guarda, tudo arquiva e tudo acumula,
haveria uma medida humana, que limite a preservação a um “ nada demasiado”,
a um ponto de negociação e de equilíbrio entre a memória e o esquecimento, um
meio termo entre a determinação e o livre arbítrio, que articule a inovação com
uma justa lembrança?
E como abrir caminhos, neste justo intervalo, entre a recordação e o olvido,
para deixar surgir o extraordinário, o inusitado, para deixar vazar um evento
que não e’ unicamente uma surpresa, mas “ o novo do passado em si”,
feito das inúmeras possibilidades e projetos anunciados mas frustados,
impedidos ou traídos, que restaram como realidades alternativas, do que poderia
ter sido ou ter acontecido, fermento da criação e da invenção.
4.10.2015
4.10.2015