quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Cidade de pedra




Silvos


 

Atento, escuto silvos e repetidos apitos agudos, deslocados ruídos permeando a cidade e sua noite, em começo, refletindo suas notas semelhantes contras as luzes dos edifícios e os escuros de suas pálpebras e janelas dormidas.

Intervalo, a cada tempo, espera o retorno, sem origens definidas, escapando aos ouvidos curiosos.

Da cozinha, panelas, trincadas e jatos de água anunciam fornadas de bolo, cheiro da laranja recém cortada e movimentos sutis, a luz acesa na mesa de madeira escura, veios e riscos.

Aguardo que as palavras me confiem a tranquilidade, desloquem a angústia noturna, causas em valores maiores, apenas um seco paladar, um delicado aperto e um zumbido no ouvido esquerdo.

Imagino a viagem feita, aguardada, inseguro o passo a passo, o desconhecido panorama, o caminho sem direção e sem mais sentido.

 

Agosto 2016